Todos os personagens de Perdidos e violentos, do norte-americano Andy Nowicki, estão diante de dilemas envolvendo resoluções trágicas para si ou para outros.
No primeiro conto, dois adolescentes entram num restaurante e iniciam uma conversa amalucada, tangenciada por uma tal missão, como se os atiradores de Columbine tivessem parado para um café da manhã antes de praticarem o massacre.
Em seguida, “Oswald faz pontaria” traça um perfil de Lee Harvey Oswald, reservando um final distinto para o famigerado assassino do presidente Kennedy. A terceira narrativa é sobre um homem que decide tirar a própria vida, porém, no meio do processo, descobre que tem uma conexão mental com sua psicóloga.
“O buda de madeira” é estupendo. Trata de um caso sexual entre professores de um colégio religioso, que se ligará à descoberta de escritos cujo conteúdo despertará a exploração de um subtexto relacionado a aborto, adultério, catolicismo e suicídio.
O último conto discorre sobre um homem que se filia a um culto no qual se condiciona a dispensa da identidade como ingresso para se chegar a um plano espiritual.
Nowicki irradia por todo livro uma forte carga de niilismo. Ainda que uma das primeiras frases faça uma associação entre metáfora e clichê, as narrativas são carregadas de significados metafísicos relacionados à ruína do homem social, à dissolução dos valores morais para uma animalidade conduzida pela violência.
Com isso, os contos conformam uma unidade regida pelo lema de que viver se tornou pesado demais, e a humanidade, desalmada, caminha iludida pela fé ou pela busca por uma reserva de sentido que se localiza no fundo do abismo.
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Livro: Perdidos e violentos
Editora: Simonsen
Avaliação: Muito Bom